terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vítimas de uma sociedade doente

No ultimo domingo, repentinamente me detive diante da televisão que mostrava uma reportagem falando sobre algumas clinicas de tratamento para dependentes químicos que estavam sendo interditadas por terem como práticas de tratamento o uso de maus tratos e espancamentos contra os pacientes.
Prontamente me recordei da homilia do Bispo emérito de Maceió, Don José Carlos, quando afirma que os dependentes químicos são vítimas de uma sociedade doente que vive em meio a grandes mazelas que, muitas vezes, passam despercebidas.
Bem, por fazer parte do movimento dos focolares, movimento ecumênico que defende a realização do ultimo mandamento de Jesus "Pai, que todos sejam um", cresci fazendo visitas quase que anuais à Fazenda da Esperança, uma fazenda para reabilitação de dependentes químicos que fundamenta seu trabalho nas palavras do evangélio.
Não há como crer de forma contrária àquilo que foi dito por Don José. Realmente os drogados são vítimas da nossa sociedade que esconde suas dores por debaixo do grande tapete da modernidade.
Acredito que há uma esperança. A humanidade precisa de pessoas que olhem nos olhos umas das outras de forma igualitária e fraterna.
A Fazenda da Esperança já salvou muitas vidas com esta ideologia, tenho certeza de que esta é a alternativa correta.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A fantasia da vida real. Ou seria o contrário?


Desde sempre, a ideia da existência de um mundo paralelo ao nosso paira nas mentes dos reles humanos. Com Platão esta ideia tomou corpo quando nasceu a concepção do mundo das coisas e do mundo das ideias, onde a origem das coisas vem de um mundo imaginário e aqui, no mundo real, estão apenas cópias.
A história do mundo é permeada de mitos e lendas que nos levam a criar em nossas mentes férteis um mundo sobrenatural, cheio de fadas, bruxas, lobizomens, vampiros, zumbis, e tudo aquilo que não vemos com facilidade andando nas ruas.
As conversas na porta de casa nas noites em que faltava energia, eram cheias de histórias de anjos e arcanjos que, quase sempre, tiravam meu sono. Acredito que toda criança tenha direito a experimentar, ao menos uma vez na vida, o frio na barriga e ansiedade que estas histórias provocam.
Tenho percebido que, nos últimos anos, o cinema e a literatura tem sofrido uma enxurrada de histórias que misturam a realidade com a fantasia. Aquela fantasia que tínhamos e que infelizmente perdemos, falo com grande pesar por ter deixado acontecer isso comigo, quando eramos crianças, está retornando com toda força ao vermos nas telas dos cinemas aventuras de jovens magos e de vampiros que vivem em meio aos humanos e são capazes de se apaixonar.
Tais aventuras tem se tornado uma verdadeira febre entre crianças e adultos. Talvez pela sensação de fuga da realidade ou até mesmo por relembrar uma fase de nossas vidas. O que importa é que são bem divertidas.
Na verdade, acredito que a verdadeira magia da vida é misturar a realidade com a fantasia. As pessoas que conseguem viver assim são mais puras e elevadas pois se concentram apenas naquilo que é essencial.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Verdades e mentiras


Quando tinha 11 anos, li "A Ilha" um livro que aborda os diversos campos do regime de Cuba, dando ênfase a perfeição na educação e na saúde, pois afirma-se que na ilha de Fidel não existem analfabetos e os médicos de la são referência para o mundo.
Desde então, entendi que o melhor sistema a ser seguido seria realmente o socialismo, onde todos são "iguais" e as riquezas são "repartidas". Passei um bom tempo pensando dessa forma, mas ao longo desse caminho tive a oportunidade de me deparar com experiências que aos poucos foram mudando o meu entendimento a este respeito.
Com 18 anos, conheci a "Economia de Comunhão", um modelo que, ao meu ver, mescla o socialismo e o capitalismo, dividindo o lucro da empresa em três partes iguais destinadas à formação de homens novos, à erradicação da pobreza e ao funcionamento da própria empresa. Dessa forma, passei a acreditar que um modelo como este traria aos países uma forma mais rápida e eficaz de alcançar a fraternidade universal que, ao meu ver não é uma utopia.
Aos 21 anos, li "A Revolução dos Bichos" um livro que trata da grande contradição que existe no socialismo quando os rebeldes atingem o poder. No poder, os ideais revolucionários se perdem e objetiva-se apenas o "encabrestamento" da população, transformando-a em uma homogeneidade ideológica.
Toda esta mudança de pensamento alcançou seu ápice quando li na Veja, revista que não costumo ler, uma entrevista feita por telefone com Yoani Sanches, uma blogeira cubana que, por meio do blog "generacion y" (http://www.desdecuba.com/) transmite ao mundo as lastimas vivenciadas por conta do regime de Fidel.
Desta forma, minha concepção política encontra-se em constante mudança, estando cada dia mais voltada ao pensamento da "Economia de Comunhão".

No entanto, gostaria de ressaltar que, como comentei antes, os ideais revolucionários se perdem quando o poder é alcançado, porém estes ideais são essencialmente louváveis, visto que impulsionam a grande roda da história a provocar evoluções sociais bastante significativas. Sendo assim, acredito que os ideais da Revolução Cubana são, em essência, positivos, porém sua forma de concretização são contrárias à evolução dos Direitos Humanos, haja vista a barbárie utilizada como meio de libertação.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Metamorfose ambulante

Hoje, refletindo sobre a música do Raul Seixas, percebi que realmente somos uma constante metamorfose ambulante. Vivemos em mudança, transformação total dos nossos hábitos, costumes, humor, tudo que se relacione a nossa forma de agir e de pensar.
Durante o dia mudamos de humor e de comportamento umas cem vezes. Não gosto muito da ideia de ser uma pessoa diferente em cada ambiente que frequento, no entanto aprendi que não há como ser de outra forma, é necessário se vestir de várias formas para garantir uma estabilidade social que pra mim também é uma besteira muito grande, mas não dá pra fingir que não existe.
Assim é o Direito, está em constante metamorfose e diuturnamente passe por enumeras interpretações que o afasta do objetivo de sua criação. A finalidade do Direito é garantir a pacificação social através da resolução dos conflitos que nascem a partir do convívio entre as pessoas.
Além de presenciar contínuas alterações nos textos legais fundamentadas apenas na tentativa de favorecer os grandes do poder, temos que estar sujeitos a mecanismos ardilosos que manipulam a lei em suas lacunas fragilizando sempre mais a condição de cidadãos sujeitos de direito que possuem, nas normas de conduta contidas no sistema, a segurança para o exercício da cidadania.
A mudança de parâmetros não é essencialmente negativa, passa a ser quando as alterações feitas se afastam do bem comum, princípio lógico de todo o Direito.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

LIXO

Após passar alguns dias imerso na natureza pulsante da Chapada Diamantina, chegando em casa me deparei com uma matéria no jornal que era no mínimo enfurecedora.
Em uma reportagem do Jornal Nacional da semana passada, vi toneladas e toneladas de lixo inglês que estavam sendo enviadas ao Brasil, é revoltante.
Já não basta todos os abusos que cometeram durante a história, agora estão pensando que o Brasil se tornou o lixão do mundo, estou tão entalado ainda com essa história que nem consigo escrever tudo o que quero dizer...
Lembro apenas de uma frase que Renato Russo cantou na música "Geração Coca-Cola": "desde pequenos nos comemos lixo comercial, industrial, mas agora chegou nossa vez vamos cuspir de volta o lixo encima de vocês".
O fato é que continuamos a comer lixo, quero estar vivo para ver o dia que iremos cuspir tudo de volta pra eles.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O tributo e a Cidadania

Hoje, escutando um discurso realizado na passeata gay em São Paulo, o autor afirmou que a homofobia deveria ser equiparada ao crime de racismo, sendo necessário para tanto uma legislação específica.

No entanto, durante sua fala, o autor disse que os gay também são gente porque pagam impostos como todo cidadão e, por isso, merecem um tratamento isonômico. Note-se que, o fato de contribuir com o dever cívico de pagar tributo, é para o autor uma condição estritamente relacionada a cidadania.

Na minha concepção, a cidadania não depende dos tributos para ser efetivamente cumprida. O trato social deve estar fundamentado em princípios morais e éticos, tendo em vista que as diferenças que possuímos não justificam o afronte aos Direitos Humanos.

Possivelmente alguém possa pensar que estou sendo utópico, mas acredito que devemos nos lembrar sempre que somos iguais perante a lei e este princípio, da igualdade, está intrinsecamente relacionado ao princípio da fraternidade, formando estruturas basilares que garantem o respeito universal inerente a cada homem.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Zaroio, mácasado, pé de moleque e beijú molhado


Quem me conhece, sabe que não sou muito de morrer de amores por Aracaju, cidade onde nasci e vivi muitos anos da minha ainda curta vida. Sempre me senti um filho ingrato daquela terra, mas de vez em quando me ataca um sentimento nostalgico dos encantos de lá que chego a desejar estar em Aracaju.

Preservo lembranças espetaculares da minha época de colégio, onde matar aula pra tocar violão era fantástico. Naquele tempo a gente não se preocupava com o futuro, nem se ia tirar nota baixa, a gente só queria curtir, e acredito que fui profissional nisso.

Hoje, conversando com uma conterrânea "boca quente", com toda a qualidade da palavra, relembramos as comidas típicas, verdadeiros delírios da alma. Quem for de Aracaju e não souber o que é um "beijú molhado" ta perdido. Falamos muito de muita coisa da velha terrinha.

No entanto, não importa qual seja o assunto, basta falar em Aracaju e me lembro dos meus amigos, que até hoje preservo, e dos finais de tarde no Inácio Barbosa. Enquanto jogavamos futebol na rua, o homem da bicicleta gritava: "zaroio, mácasado, pé de muleque, beijú molhado, oooiiiii!!!!!"

terça-feira, 12 de maio de 2009

Legalizar ou relativizar



Hoje pela manhã, enquanto escutava o Jornal da Jovem Pan, soube que o Ministro do Meio Ambiente, Sr. Carlos Minc, participou da marcha pela legalização da maconha realizada na cidade do Rio de Janeiro. Na mesma reportagem, a mãe de uma jovem que está em tratamento para deixar o vício da maconha afirmava, de maneira bastante ríspida, que enviaria ao Ministro a conta do tratamento que está sendo realizado.


Diversos profissionais da área da saúde deram suas opiniões sobre a legalização da droga e todos foram contra, tendo em vista os males irreparáveis que a mesma causa no organismo.
Podemos pensar que liberando o consumo desta droga o tráfico perderia sua potência, ou então haveria uma maior possibilidade de controlar o consumo.


É perceptível que existem argumentos a favor e contra a legalização, no entanto não há dúvidas de este assunto é uma questão de saúde e segurança pública.


Acredito que, com o passar do tempo, existe uma forte tendência de relativização dos padrões sociais. Tal fenômeno está intrinsecamente relacionado com o poder que o capitalismos exerce sobre nós. A sociologia explica que após um período de cerceamento de liberdade, a sociedade local passará por uma fase de libertação exacerbada, talvez seja isso que está acontecendo.
Particularmente não sou a favor da legalização, pois acredito que os malefícios serão muito maiores do que os benefícios. Sem contar que os prováveis benefícios que a legalização traria podem ser alcançados com uma maior efetivação das previsões legais.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Direito e Arte


Conheci esta semana a revista " Getúlio" de propriedade da Fundação Getúlio Vargas. Mostrou ser uma revista de conteúdo esplêndido, principalmente em sua 14ª edição, correspondente ao bimestre março/abril deste ano.

Em uma reportagem escrita pelo prof. Pedro Batista Martins, o tema do Direito como ciência é igualado a "Arte" em seu sentido mais poético. O autor afirma que há dois tipos de artes, as alográficas e as autográficas. No primeiro tipo, a obra apenas se completa com o concurso de dois personagens, o autor e o intérprete; já na segunda, o autor contribui sozinho para a realização da obra. Desta forma, é possível compreender que o Direito é uma arte alográfica.

Complementando sua exposição, o autor diz que "diante da crise, o advogado precisa ter a clareza e objetividade de Chico Buarque, a versatilidade e a polivalência de Vinícius de Morais e a harmonia de Tom Jobim”.

Em meu modo de sentir, o direito é a arte que mais encanta, pois tem o potencial de solucionar os conflitos objetivando a pacificação social, de maneira a construir uma sociedade mais fraterna. Obviamente que, para tanto, é necessário que iniciemos um trabalho consciente certos de onde chegaremos. O sonho de uma advocacia correta e justa pode se tornar uma realidade.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Aniversário


Tenho o fabuloso privilégio de conviver com umas das pessoas mais sensíveis que conheço, meu irmão Felipe Nery.
Na semana passa, em um momento de família, ele nos disse que enquanto estava trabalhando nas imediações do semáforo da Casa do Pão, no bairro do Farol, estabeleceu uma breve conversa com umas das meninas que limpavam os vidros dos carros naquele mesmo local.
Não sei porque cargas d'água, no meio da conversa ele perguntou quantos anos ela tinha, e a mesma não soube precisar. Um pouco estarrecido com a situação, inconformado, perguntou o porque da dúvida e ela lhe respondeu que não sabia a data de seu aniversário...
Vejam quão grande foi o susto de meu irmão!!! De qualquer forma ele atribuiu à garota mais ou menos uns doze anos.
Notem amigos que este fato pode ter um olhar jurídico bastante peculiar.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 102 § 2º, versa que a certidão de nascimento é direito indispensável a toda criança e está totalmente livre de "custas e emolumentos". Isto quer dizer que a certidão é completamente gratuita e garantida à sociedade em geral.
Neste mesmo sentido, a criança em questão, encontra-se em situação de risco, não apenas por estar perambulando pelas ruas com fins de captação de renda, mas também por ser totalmente desassistida por seus pais, visto que nem sua data de nascimento sabia. Na verdade não podemos atribuir qualquer culpa a estes, pois sequer sabemos se eles tem conhecimento a respeito de suas datas natalícias.
Bem, o que podemos observar é que, mais uma vez, o direito não alcança a sociedade, vez que não existem os meios que oportunizem este alcance.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Tomei um susto

Hoje, enquanto fazia uma prova de Direito Tributário, tive mais ainda a certeza que o princípio da fraternidade está ramificado em todo o ordenamento jurídico. Esta descoberta foi quase um susto pois nunca imaginei encontrar no estudo das receitas e despesas do Estado os valores fraternais.
Notem que a Lei Orçamentária Anual, que regula as atividades do Estado de acordo com a sua arrecadação, precisa, de maneira substancial, alcançar as maiores necessidades da população. Tais necessidades passarão a ser publicas a partir de sua entrada no ordenamento, isto quer dizer, a partir da legitimação pelo Estado.
Desta forma, como entender e conciliar as necessidades publicas com os interesses do governo? Obviamente que por trás de tudo isto haverá sempre uma posição política, no entanto, aí está o ponto onde entra a fraternidade.
Todos sabemos que para conhecer as reais necessidades uns dos outros é preciso ter um relacionamento bastante estreito se assemelhando ao relacionamento de irmãos, ou seja, fraterno
A aplicação do princípio da fraternidade, ajudaria o Poder Legislativo, responsável pela aprovação da Lei, a criar as condições para a satisfação de tais necessidades.
Talvez por estar sempre pensando em um modo mais fraterno de viver, esteja vendo este tema apenas por um prisma, seria bastante interessante saber a opinião de outras pessoas...
O espaço está aberto...

domingo, 15 de março de 2009

A cultura em evidência



Nos dias 13 e 14, próximo passados, aconteceu em Maceió mais uma edição do FemuSesc, festival de música direcionada a produção artística de Alagoas. Eu estive prestigiando esta esplendida demonstração de alegria e sinto que a cultura musical é algo que une as tribos e aproxima as pessoas provocando uma sensação de euforia e encanto pela arte que está sendo apresentada. A grande diversificação das apresentações foi o que marcou o festival, trazendo para o publico alagoano verdadeiras expressões de amor pela música.
A noite do dia 13, foi coroada com a apresentação da trupe do Teatro Mágico, que com muita positividade e empolgação levantou a massa, trazendo uma mensagem reflexiva sobre a vida em seu sentido mais simples.
Momentos como este é sempre bom celebrar entre amigos, e graças a Deus, eu estava rodeado por eles.


"A razão é como uma equação de matemática, tira a prática de sermos um pouco mais de nós. O teu afeto me afetou é fato agora faça-me o favor."
(O Teatro Mágico)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Máscara Cotidiana

Nestes últimos tempos estive pensando o quanto necessitamos nos fantasiar todos os dias, estando sempre de acordo com o ambiente que frequentamos. Não me refiro a uma questão de ética ou até mesmo de etiqueta, mas trato a respeito do comportamento que devemos conceber. Este comportamento é diretamente proporcional a roupa que vestimos.
Notem que se estamos mais alinhados, nosso comportamento fica um pouco mais sério, não transparecendo quem realmente somos... esta é a máscara cotidiana que devemos colocar.
Não sei se isso acontece com todo mundo, mas é algo que me incomoda pois o meu "ser" termina sendo sufocado momentaneamente pelas roupas que uso.