domingo, 20 de março de 2011

História

Tenho um coração latejante que, dia após dia, envelhece, mas que busca no passado a razão de voltar.

É como uma luz que atrai mas que engana, pois na minha vida de ilusão a mesa estava sempre cheia de amigos e amores que sem dores brindavam comigo. Os anos passam e com eles passam as canções, e o coração que enfraquece busca na solidão a razão de seu retorno.

Vê nos rostos as rugas da vida que sem fugas não deixa espaço pra alegria. As fotos se perdem, se estragam, molham e apagam as lembranças, aquelas que estão em mim, essas não se apagam, essas ficam, se esquecem e se relembram, mas estão sempre aqui.

É em épocas assim que a inquietude queima o meu coração que já não suporta estar aqui e almeja apenas voltar. Voltar para os amigos e as canções, para as alegrias e contradições que outrora guardei em mim.

Busco o silêncio interior para estar em paz e compreender o que está por fora, numa incansável tentativa de viver o agora sem mais perder tempo evolvido pelo passado que é lindo, belo, mas que, em paz, deve descansar, sem que jamais seja esquecido, pois somos sempre fruto do passado que sem demora sempre permanecerá.

domingo, 13 de março de 2011

Era ele.

Dançava com sua música, sorria com o seu riso, se alegrava com o que via, se emocionava com o que sofria, se enfeitava com serpentinas e confetes, mas vivia e vivia e sorria e chorava e se alegrava.

Só ele ouvia aquela música, ninguém mais via o que ele via. Eu estava ali, imperceptível, apenas observando sua linda dança, bailava como quem baila nas nuvens, leve e sem sentir, deixando-se guiar simplesmente por seus movimentos mágicos.

Naquele lugar, no meio de tanta gente, ele vivia em completa transcendência, animado pela embriaguez da alegria.

Sonhava então com sua amada? Sonhava com os que lhe eram caros? Pensava apenas no presente, isso eu tenho certeza, pois a alegria que expressava não dava espaço para o futuro de tubulações que o aguardava.

Era ele, ali, só ele, dançando naquelas ruas que há muito tantos dançavam, levado apenas pelo sabor do vento que se foi, levando-o como cinzas que no próximo solstício o transformarão novamente no que sempre fora, ele, o carnaval.