sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Verdades e mentiras


Quando tinha 11 anos, li "A Ilha" um livro que aborda os diversos campos do regime de Cuba, dando ênfase a perfeição na educação e na saúde, pois afirma-se que na ilha de Fidel não existem analfabetos e os médicos de la são referência para o mundo.
Desde então, entendi que o melhor sistema a ser seguido seria realmente o socialismo, onde todos são "iguais" e as riquezas são "repartidas". Passei um bom tempo pensando dessa forma, mas ao longo desse caminho tive a oportunidade de me deparar com experiências que aos poucos foram mudando o meu entendimento a este respeito.
Com 18 anos, conheci a "Economia de Comunhão", um modelo que, ao meu ver, mescla o socialismo e o capitalismo, dividindo o lucro da empresa em três partes iguais destinadas à formação de homens novos, à erradicação da pobreza e ao funcionamento da própria empresa. Dessa forma, passei a acreditar que um modelo como este traria aos países uma forma mais rápida e eficaz de alcançar a fraternidade universal que, ao meu ver não é uma utopia.
Aos 21 anos, li "A Revolução dos Bichos" um livro que trata da grande contradição que existe no socialismo quando os rebeldes atingem o poder. No poder, os ideais revolucionários se perdem e objetiva-se apenas o "encabrestamento" da população, transformando-a em uma homogeneidade ideológica.
Toda esta mudança de pensamento alcançou seu ápice quando li na Veja, revista que não costumo ler, uma entrevista feita por telefone com Yoani Sanches, uma blogeira cubana que, por meio do blog "generacion y" (http://www.desdecuba.com/) transmite ao mundo as lastimas vivenciadas por conta do regime de Fidel.
Desta forma, minha concepção política encontra-se em constante mudança, estando cada dia mais voltada ao pensamento da "Economia de Comunhão".

No entanto, gostaria de ressaltar que, como comentei antes, os ideais revolucionários se perdem quando o poder é alcançado, porém estes ideais são essencialmente louváveis, visto que impulsionam a grande roda da história a provocar evoluções sociais bastante significativas. Sendo assim, acredito que os ideais da Revolução Cubana são, em essência, positivos, porém sua forma de concretização são contrárias à evolução dos Direitos Humanos, haja vista a barbárie utilizada como meio de libertação.

6 comentários:

Mário disse...

Olá. Amigo, você não acha que há algo muito errado com uma ideologia e uma militância que se mostra preocupada com as injustiças mas que em 100% das vezes em que foi testada só produziu a barbárie? Será que não temos que fazer uma análise mais profunda sobre o significado do que é o comunismo? No que se baseia (em boas intenções?)? Quais os reais motivos, ou seja, qual a real motivação dos movimentos revolucionários? É senso de justiça? Amor desmedido pela humanidade? O que é que tem por trás disso? Já dizia Nelson Rodrigues, amar a humanidade é fácil, difícil é amar o próximo.

O amigo já leu O Livro Negro do Comunismo? Já assistiu o filme Os gritos do Silêncio? Assistiu ao recente filme Katyn? Já leu o excelente O Jovem Stalin, de Simon Sebag Montefiore? Já tomou conhecimento da crueldade de Guevara? Do morticínio promovido por Mao? Meu caro, isso não é acidental. Isso não é um mero "esquecimento" de belos ideais de outrora. Um livro muito importante, que trata de parte do problema é A Sociedade Aberta e Seus Inimigos, de Karl Popper. O problema são as utopias e seus utopistas a brincar de Deus. Uma saga que começou em Rousseau (pai de todos os totalitarismos) e culmina no marxismo-leninismo do século XX. Outro bom livro é o Homem Revoltado, de Albert Camus. Abraço.

Mário disse...

Só um complemento. As mentiras de Cuba, da URSS, da China e outros foram aceitas (e ainda são, o PC do B, por exemplo, até hoje não reconhece o relatório Krushev) por uma disposição do espírito, por puro fanatismo. Mesmo diante dos fatos, a atitude é de negação. Não sei se conheces a real dimensão do que foram esses regimes totalitários. Mas fico só num exemplo. Você já ouviu falar que aqui no Brasil ou em toda a América Latina 7 milhões de pessoas tenham morrido de fome no período de um ano? Com todos os nossos problemas, nunca tivemos disso por aqui. Quando falo "morrer de fome" não é força de expressão. É morrer pele e osso. Pesquise a respeito da fome na Ucrânia na década de 30. Aí vc vai ter a real dimensão desse crime. Quem articula um troço desses não o faz por mero "esquecimento".

Mário disse...

Entrevista interessante sobre o tema direita x esquerda:

http://mariotblog.blogspot.com/2008/03/nelson-motta-e-evoluo-do-pensamento_26.html

Clarissa disse...

Adorei a postagem!!!! Gostei muito quando você disse que a revolução acaba quando se chega ao poder! É verdade... A Economia de Comunhão por visar o "outro", a formação de homens novos, de pessoas com dignidade, não tem como obejetivo o poder. Dessa forma a "revolução" não se acaba enquanto tiver alguém que necessite!!!
Obrigada pela postagem!;)

Anônimo disse...

Jomery Nery...
Depois de ler uma entrevista na Veja, revista para lá de duvidosa, sobre uma cubana descontente com o regime e tudo mais em Cuba, eu te pergunto, você imaginaria a Veja colocando uma matéria de um cubano elogiando o regime e as boas condições Cubanas? Esta cubana é apenas uma voz desconte no meio de outras, mas não toda a população cubana...Garanto para você,por conviver com cubanos, que há em Cuba uma população muito mais satisfeita com o regime que contra o regime...
Mário!
Você fala de algo errado na ideologia socialista, que há muita barbárie e tudo mais...
O capitalismo realmente deve ser infinitamente melhor, todos nas mãos da burguesia, que através da mídia manipula o povo, burgueses e mídia vendidos aos poderosos EUA...EUA que 365 dias do ano está matando em suas guerras pelo poder e mídia burguesa não faz uma matéria de comparação...
O que é melhor o capitalismo da desigualdade social, dos estados sem controle, da violência urbana, da falta de saúde, de educação, da manipulação da elite perante o povo...É Mario você não deve fazer parte do povo, está mais próximo da elite!

Jomery Nery disse...

Ao amigo Mário e ao Anônimo que me escreveu por ultimo:

Como vcs podem perceber escrevi esse post há algum tempo e de lá pra cá fiz novas descobertas.
Essa discussão do melhor regime, do que é ou não verdade, das calamidades praticadas por enumeros governos de épocas distintas, perde toda a ração de ser quando nos deparamos com a verdade dos problemas sociais que enfrentamos hoje.
Todo esse discusso de socialista ou capitalista perde sua força quando vemos nos sinais de trânsito familias e mais familias que sobrevivem sabe Deus como... Quando vemos nas ruas os mendigos aos montes e não param de crescer os números alarmantes.
Camaradas, descobri que a única força transformadora é o amor!! Devemos acalmar nossos corações e nossos debates e tratar de fazer alguma coisa pelo povo que sofre.
Esperam que vejam o que escrevi. Entem em contato, seria ótimo conversarmos sobre o que é interessante fazer para mudar a situação em que vivemos ao menos nos ambientes em que vivemos!
Abraço